SOU
Sou apenas um poema
versos soltos ao vento
sem um lamento.
ditos sem temp.
Fui pétala de Flores
tantas cores!
Hoje vagueio ao sabor
de lembranças
memórias sem fragâncias
murchas de odores
comigo vão
para onde eu for.
Sou uma metáfora
por me decifrar.
Sou a rebeldia
vinda da maresia.
Sou já luz sem cor
na palidez do dia.
Ao amanhecer
sou ainda magia.
Ao entardecer
doce anoitecer.
Meu nome?
Sou o que sou
Apenas um EU
sem sobrenome.
sem nada de seu.
Apenas um poema
ainda por acabar.
Maria de Sá
As palavras "amo-te","como te amo" são palavras que vêm do nada e nem sempre é o que se quer ouvir.
Um simples olhar ,um sorriso,mãos entrelaçadas vibram de desejo,volúpia ,sexo falam que o tempo não espera.
Emigro
então com os ventos á procura das tuas emoções .Não sei dominar os meus
sentidos,meu corpo soluça loucuras,beijos vorazes com que espalho ao
vento toda a ternura que me estremece.
Percorres a nudez do meu corpo despido.
Sou uma ave pelos céus da sensualidade e faço dos teus beijos raios de sol bem quentes.
Destilas-te inteiro em meu corpo nos mais íntimos gestos fazendo amor porque sou para ti uma flor que se abre.
Sei quanto sou amada e desejada.
Não precisamos de palavras.
A ternura e a paixãodeitam-se nos braços um do outro saciados e tranquilos.
Vivemos o presente cada hora,cada minuto,como trémulos astros ,a realidade de nós próprios como se fossemos fruto proibido.
Somos a tormenta da emoção.
O meu corpo invade a tua morada!
Eis como é o meu amor por ti.
Quero ser aquela em que colheste a inocência.
És a essência da minha vida.
És o fogo que me mantém viva sempre ao meu lado.
Me faz sonhar. Me tira da tormenta do oceano da vida .
Sou uma rede de malhas suaves, cada malha um afecto á vida nos teus braço, nos teus beijos,
as cores do meu arco iris.
Maria de Sá
Noites loucas
Convoco as estrelas uma a uma
para entrarem na órbita celeste dos limites ilimitados dos nossos corpos de nós tão sôfregos .
Um a um
chegaremos ao destino certo
saciando as nossas bocas
sentindo -nos inteiros
sem freios.
Neste apetite nos exilamos
nos sentidos nos alojamos .
As nossas mãos esquecem -nos.
Abraços abracem -se.
Corpos perdem-se
um no outro,
fluindo em festins.
Em cada brinde
festejamos ternuras sem parar.
Em cada cálice
orgias de bocas
nessas noites loucas.
Maria de Sá
Preciso de sair desta solidão.
Se não fossem as cartas, como as feridas da saudade se cicatrizariam?
Vivo
um coração triturado por tanto que perdi. Custa-me admitir que o sonho
se evadiu e esse sonho flutua como a viagem que tu insisto em
marcar.
Não sei se irei.
Passeando pelo calçadão ao longo do rio, o frio trouxe-me para casa onde o vento me fez lembrar as
monções do Mar Longe.
Olhei o céu despido de estrelas.
É nelas
que quero guardar as coisas pequenas mas grandes por dentro.
Sorriem.
Recusam-me.
E eu quero ir ao encontro da minha estrela azul
para nela encontrar Paz.
Nela escrevo a minha solidão.
Sabes o que
fez?
Estendeu um raio de luz para esquecer o tempo em que andei perdida.
A minha alma ouviu uma orquestra de citaras que fizeram recordar em
silêncio o eco do Amor que queima dentro de mim e teimo em repudiar.
Afinal, quem sou?
Sou um sonho inacabado.
Sou a incerteza da certeza do que sou.
Sou solidão.
Sou apaixonada pela vida.
Sou a cor da esperança.
Sou uma aresta de beijos.
Sou aquela que foi princesa de um condado.
Sou o que não quer ser.
Cores, dunas, flores.
Sou um tempo a cicatrizar feridas.
Sou palavras sonhadas.
Sou um rio a desaguar.
Sou um coração coragem.
Sou lágrimas á janela.
Sou o bote dos búzios.
Sou o medo do alto mar.
Sou uma ilha perdida.
Sou a derrota das derrotas da vida.
Um dia serei a música de um assombroso amanhecer.
Para não me sentir nesta solidão infernal, parto no meu alasão branco, de cabelos ao vento
em
busca da minha estrela azul que ilumina o meu
caminho.
Conversamos. Fascínio. Ficciono o meu EU.
Enterro esse EU onde a
cor de ébano espreguiça a sensualidade, divertindo-se com a nudez do meu
corpo, uma fragata esfrangalhada.
Calo as palavras.
Transformo-as em
metáforas para um TU ausente no outro lado do mar.
Dois oceanos que sulcam ondas de espuma furibundas por nunca poderem abraçar-se num enlace de caricias pertubadoras.
Grito pela estrela azul, Pergunto: Porque foges?
Persigo o teu rasto luminoso, deslizas pelo Universo ao som de lãgrimas.
Já as sequei e a minha interioridade transformou-te num oasis, o deus dos meus deuses.
A consciência cósmica ostensivamente determinista sorri dizendo: Tudo passa, menos o Amor.
Mas que Amor tão estranho!
Afinal um Amor de viajantes eternos com o aval do Mestre dos búzios para todo o sempre.
Nessa estrela azul deixei as coisas pequenas, mas tão ricas por dentro!
De corpo e alma
Invado-me de ti
Banho-me nas tuas águas
Vida de fráguas
Tropeço
Desfaleço
Mas por ti espero
Em qualquer momento num lugar .
Teu sorriso
Leve
Suave
Abraçará meu corpo
Sem folego
Em labaredas de fogo
Sem parar.
Maria