segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Terra do Mar Longe


Eis recordações que me tens enviado de pessoas ,vidas ,sonhos que não chegaram a realizar-se na Terra do Mar Longe .Saltaram decepções ,enganos ,amores .Desta vez fiquei encantada com
a presença da Madame Lavado,tal como dizes uma ostra,mas sem o manto de madrepérola .
Era uma espécie de deusa Afrodite criada pelas espumas das marés da vida.Tomava bem conta de si.Frágil por um lado ,mas resistente por outro .Era uma ostra solitária num espaço igualmente solitário por onde apenas mufanas serviam -na carinhosamente.Andavam de ponto em branco .
O seu pescador não lhe lançara a rede.Se calhar não se fizera pérola .Ficara então naquele casarão com as dores da alma .Ainda me lembro do jardim lateral de canteiros com rosas sempre vigiadas por algum mufanita .No meio uma árvore de fruto .Agora como estaria?Se calhar completamente dominado pelas ervas daninhas povoadas de bogononos que rame rame cabriolariam pelas pedras a arrematar o que restava de canteiros.
A atmosfera daquele lugar vai-se infiltrando em mim que ao regressar do colégio á tarde qdo não havia desafios de berlindes,pelava-me por pilhar uma rosa sem receio de ser caçada por um dos seus guardiães mufanitas.
Enquanto deambulo por aquelas paragens ,deslizo o alfabeto do meu mundo silenciado .Transformo-o em linhas da minha gramática intimista .Partilho certamente da solidão daquela mulher enigmática.
Os ventos da nossa realidade já não têm sentido .Estamos mais sós ,mais vazios.

Maria Sá

CORRUPÇÃO


Rio Tejo



O meu Mundo mergulha em fantasias, onde procuro ser personagens com ilusões de uma história de Vidas.
Aí esqueço-me quem sou.
Vivo simplesmente entre o silêncio das estrelas vestido com o sorriso da Lua.
Abraço os meus passos.
Sinto apenas o caminho de tantas histórias adormecidas pelas águas deste Rio que me habita.
Embá-lo-as nos labitintos das suas entranhas.
Aí ficarão o Amor, a Lealdade, Amizades, Sonhos palpáveis em desertos silenciados, Desânimos de um Mundo de gente tranquila.
Oiço a voz do coração, guardião deste Mundo apenas meu.
O que importa é estar longe das ausências acumuladas na poeira pesada de partidas sem regresso.
Só Tempo permanece.
Outros Medos, outros Delírios, outras Quimeras carregadas de positividade, outos Cansaços, outras Distâncias.
Apenas Tempo...
Como presente diminui o tamanho da dor.
Lembra a oportunidade da coragen e da sabedoria.
Convence ainda que, de vez em quando, comvém arejar a Alma com a brisa fresca e raios do Sol.
Sorri.

Texto: Maria Sá
Imagem: Passeio Ribeirinho - Orange | Clouds